A quarta-feira 12/02/2020 foi um dia especial!
Há um bom tempo eu não escrevia nada, mas mediante uma sucessão de eventos como os ocorridos nos dias 11 e 12/02, este foi o caminho que encontrei para perpetuar os momentos vividos e compartilhar com o universo um pouco de minhas inquietações e o que eles me proporcionaram.
Além da já convencional rotina de uma terça-feira longa, o dia 11 ainda contou com a retomada das aulas do Centro Universitário Toledo Prudente, onde, no período noturno fechei o dia com a oportunidade de compartilhar sobre revestimentos e acabamentos para as turmas dos 5 termos de Engenharia Civil e de Arquitetura & Urbanismo e conduzindo os estudantes do último ano de Administração de Empresas na disciplina de Desenvolvimento de Novos Negócios. Apesar do cansaço, embarquei para São Paulo mais uma vez e sempre em busca de conhecimento e do que há de melhor no mercado de Construção Civil e de tecnologia prestigiando o evento Construtech Conference que contou com a presença de grandes players deste segmento apontando suas visões e desafios enfrentados ao longo do processo de transformação digital e inovação sustentável. Entre eles, por exemplo, tive a oportunidade de ouvir – direto da fonte – diretores e C levels de Cyrela, Andrade Gutierrez, Vitacon, Grupo Zap, Deloitte, e os unicórnios badalados Quinto Andar e o mais recente Loft, compartilhando suas histórias de passado, ações de presente e visões de futuro para nosso mercado.
Sharing Economy, Hubs de inovação, Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Inteligência Artificial, Machine Learning, deep learning, Biomimicry, 3D printing, entre outros termos já não tão raros em nosso dia a dia – mesmo que ainda se apresentem com grandes desafios – continuam dominando a agenda e provocando nossos dogmas e statusquo, tocando fundo em nossas principais dores: Ineficiência e baixa produtividade; Poder de adaptação e agilidade de mudar a rota; deficiência em aceitar que nosso conhecimento tem – se não ancorado em um processo de aprendizado contínuo – prazos de validade cada vez menores.
Apesar da quantidade de informações ali compartilhadas, vou usar este espaço para deixar meus 4 principais insights sobre o evento:
1 Os caras são bons em fazer evento.
Começo com este – mesmo que um insight ainda “não técnico” considerando o mercado da Construção Civil – porque é com certeza sempre um baita cartão de visitas chegar em eventos deste porte em São Paulo: QR code para acesso e totens de autosserviço; Feira de startups no espaço comum com telas e equipes preparadas para rápidos pitchs que sempre trazem a sensação de ser a solução que você estava buscando ou aquela ideia que havia passado em sua cabeça há um tempo atrás (e que de uma certa forma também faz lembrar de filmes que relatam a história de Apple e outras grandes empresas quando em earlystage); telões gigantes na plenária; apresentações de impacto; sonorização e iluminação fortes e articuladas com o conteúdo e condução do evento; pontualidade, entre outros, faz com que este primeiro insight tenha um lugar especial na lista!
2 Curva B ou a segunda curva
Grandes incorporadoras, construtoras, imobiliárias e atuantes assíduos do segmento da Construção Civil têm exercido um movimento forte em busca de transformação digital e inovações as quais, no final do dia, precisam ser convertidas em vantagem competitiva e sustentabilidade para seus negócios. Está “manutenção” do sucesso que já obtiveram ao longo de seus anos de atuação, ou o lançamento de novos produtos e soluções que os conectem com este “novo mercado” é chamado de a Curva 2 ou B.
Isto ficou evidente no evento, principalmente a partir dos compartilhamentos do mapa de inovação tecnológica do setor apresentado em primeira mão pela Clarisse, gerente sênior da Deloitte, e também através dos compartilhamentos de ações como o MIT-Hub (Hub de inovação da Cyrela), do Vetor AG (Braço de aceleração da Andrade Gutierrez), entre outros.
Uma das formas de conseguirem se ferramentar mais rapidamente e internalizarem soluções tecnológicas e equipes alinhadas ao modelo lean e pensamento de startup em busca da uma segunda curva de mercado, é o alinhamento destas empresas com a startups e o fomento/apoio a fundos de investimento que estão olhando para estas empresas.
Um grande exemplo disso – e anunciado por seu CEO no evento também em primeira mão – foi a entrada da Vitacon no segmento de compra de imóveis (Formato conhecido como Ibuyer – já praticado pela Startup “unicórnio” Loft, por exemplo) e que foi acompanhado pelo também já unicórnio Quinto Andar através da apresentação de seu CTO, apontando assim claramente uma tendência de mercado. Soluções conectadas, integradas com agilidade, qualidade e segurança, maximizando a experiência dos usuários (sejam vendedores, compradores, locatários, corretores, etc), com a aposta de reduzir as fricções atuais existentes nestes processos.
A Vitacon contou ainda com a apresentação “futurística” da vida da Housi; uma espécie de “assinatura de moradia” onde a tipologia e localização de sua residência acompanha o seu estilo e as diversas fases de sua vida, embarcada com o que há de mais moderno quanto a soluções de conveniência e já apontado para o futuro de compartilhamentos e prestações de serviços on-demand.
3 Dados e a predição de futuro (Inteligência Artificial, Aprendizado de Maquinas e Deep Learning,…)
A primeira vez que ouvi a frase “Dados é o novo petróleo”, foi há 3 anos atrás e não vou cometer aqui o equívoco de apontar o criador da mesma, mas é certo de que eu a ouvi em um dos eventos similares a este e – naquele período – apesar de toda a sopa de letrinhas já institucionalizada, ainda fazia pouco ou nenhum sentido para mim operacionalmente.
Este ano o jogo mudou.
Não apenas continua fazendo cada vez mais sentido, como se torna cada vez mais usual para empresas que estão liderando este novo mundo e liderando transformações digitais a utilização de dados em larga escala para predição de futuro quando incorporadas à Inteligências artificiais, Machine Learning e Deeplearning, e com isso ganhando uma imensa vantagem competitiva no mercado. O uso de dados é complexo e vai desde as comuns regressões estatísticas até startups que coletam dados realtime de sensações de clientes e percepções de usuários ao longo de sua jornada (gerando um volume absurdo de dados), até o tratamento e utilização destes de forma a se tornar de fato uma vantagem perante a seus competidores no final do dia.
Uma palestra atrás da outra esta era a tônica. Começando com Joao Vianna (Founder da Loft) apontando como o uso de AI, ML e DL tem ajudado o modelo de negócios da empresa que ajudou a fundar se tornar um dos mais visados no momento, utilizando, por exemplo, até mesmo a compra de matriculas em todos os cartórios de determinados bairros afim de buscar o máximo de dados possíveis sobre transações ali realizadas (Obs. Quando questionado quanto a diferenças de valores pagos e registrados de fato, a resposta foi clara: Quando o algoritmo percebe um valor transacional incomum para um produto, este dado é automaticamente retirado da base), e foi seguido pela Renata Lorenz (Chefe de Produto do Grupo Zap, empresa que foi fruto da fusão entre o Zap e a VivaReal), apontando – no mesmo tom – o volume absurdo de dados que conseguem captar através de seus leeds e analises transacionais e utilizar a AI para predizer variações em demanda, preços de alugueis e até mesmo auxiliar grandes incorporadoras e construtoras a planejar seus próximos lançamentos.
4 Amazu e a Biomimética (Biomimicry)
Os três primeiros insigths que compartilhei são realmente impactantes, mas nenhum deles me surpreendeu mais do que o compartilhamento da Giane Brocco (Founder da Amazu), quando conheci o conceito de Biomimética, ou seja, o uso de materiais e soluções que “copiam”, se “inspiram” na natureza, afinal, “Sharing Economy”, “Curva 2”, Certificações de qualidade, sustentabilidade (quanto a continuidade), design, soluções inovadoras, etc, são atributos que o Criador incorporou em seu produto principal há bilhões de anos. A Natureza sabe compartilhar, se reinventar, se regenerar, atravessar dificuldades, ser bela, proporcionar ambientes confortáveis, e tantas outras lições que simplesmente não faz sentido não aprendermos com ela a melhor forma de vivermos a agirmos em nossas vidas e atuações profissionais.
A pergunta que ficou no ar foi: O que a natureza faria aqui? Em minha circunstância atual, qual seria a posição da natureza a respeito?
Principalmente tratando-se da Construção Civil, setor que consome sozinho grande parte dos recursos naturais do planeta, ouvir isso mexe com os dogmas e paradigmas que temos enquanto sociedade capitalista extrativista em seu mais profundo cerne.
Pássaros, por exemplo, trombam em vidros refletivos de empreendimentos verticais, mas desviam com maestria de quase invisíveis teias de aranha; besouros sobrevivem no deserto utilizando estratégias de condensação da umidade do ar e armazenamento da mesma para uso quando e onde necessário; Fibras encontradas nas raízes de cogumelos proporcionam resistência superior as encontradas em estruturas de concreto armado; O que temos a aprender com isso?
Conclusão:
Um dos responsáveis por conduzir o evento apontou o que para ele talvez seja a chave para mantermos próximos deste novo momento de mercado e preparados para aproveitar as oportunidades oriundas deste tempo, e que, para isso, seria necessário nos atentarmos a alguns pontos – com os quais eu concordo e trago como conclusão:
- Um aprendizado continuo ao longo da vida: Aprender sobre as novas tecnologias, suas teorias e como as mesmas podem ser operacionalizadas. Entender os seus impactos na vida das pessoas e intrinsecamente em seu mercado. O termo cunhado para tal é, em inglês mais uma vez, Lifelong Learning, que tem como tradução “uma vida orientada ao aprendizado”.
- Zeitgeist do mercado: O termo alemão aponta para o significado de “o espirito da época”. Neste sentido, o empreendedorismo de um modo geral (principalmente considerando o atual cenário macroeconômico) e as startups (olhando para a necessidade de grandes empresas em busca da “curva B” e os volumes crescentes de aportes atingidos pelas mesmas nos últimos anos) apontam para um período onde estes são os comportamentos e tendências que o mercado tem buscado e recompensado, portanto, pensar desta forma está diretamente conectado com este período, e o que também aponta para o 3° ponto;
- Follow the Money: Com a tradução literal: Siga o dinheiro, ou seja, acompanhe onde os empresários tem apostado; Os modelos de negócio que tem se destacado; Os empreendedores que têm levantado cifras interessantes com suas ideais e negócios; O capital, de uma forma geral – assim como a fumaça – aponta para o “fogo”.
- Fique próximo dos “trouble makers”. Estar perto de mercados, negócios e pessoas inquietas, que busca a cada dia a proposição de soluções que visam aprimorar a qualidade de vida das pessoas e a sustentabilidade de nosso planeta é fundamental para que o ambiente corrobore para seu crescimento pessoal.
Para fechar com chave de ouro, tudo isso foi acompanhado de perto por um grande professor, o qual tenho também o privilégio de chamar de pai, que prontamente topou o desafio de fazermos este “bate-volta” à São Paulo e experimentarmos um evento como este, juntos. Se dentro de minha rotina foi corrido, cansativo e provocativo, fico pensando como talvez tenha sido pra ele… Num almoço de domingo eu tiro a prova!
Por Augusto Frois
https://www.linkedin.com/in/augustofrois/
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