A complexidade de um edifício construído vai além dos olhos de muitos profissionais da área. Sendo assim, é possível que uma obra seja completada sem que seu criador conheça os diversos elementos e estágios que o local adquiriu ao longo do seu processo de construção.
A compreensão de um arquiteto ou um engenheiro civil, quando não atinge as possíveis vertentes de uma obra, podem gerar diversos problemas e patologias em uma execução. E essa problematização vem sendo enfrentada nos mais diferentes cenários da arquitetura mundial.
Tudo começa na antiguidade, quando arquitetura e construção civil não era nem mesmo conhecidas. Onde o homem, começava a construir seu abrigo com base nas observações que tinha em elementos da própria natureza (seja ele a casa de um João-de-Barro ou o topo de um Araucária) e isso fornecia a ele indícios de como uma construção deveria ser executada. É então que o ser humano experimenta as mais diversas variáveis até alcançar o seu produto final.
Se torna compreensível que durante o seu surgimento, uma casa foi contemplada e vivida pelo seu construtor em todas as suas fases (seja na fixação ao solo ou finalização da cobertura). Por mais que os maquinários, ferramentas, técnicas e matérias primas fossem distintos dos atuais, o homem se via como protagonista deste cenário conhecendo o total funcionamento e potencial de cada parte de sua casa. É nítido que neste ponto, fala-se de construções mais simples e que não funcionam com o objetivo final que temos na atualidade, porém a presença e conhecimento do criador se dá em todos os pontos.
Com o passar dos anos e avanço da tecnologia, a mão de obra da espaço as maquinas e os erros dão espaço as pesquisas e informação a respeito dos mais diferentes assuntos. Vemos então uma separação entre projetar, construir e gerenciar e isto gera outros campos profissionais que mesmo separados precisam agir juntos.
E o que gera tantos problemas em uma obra? Bom, antes de mais nada é sempre importante frisar que o imprevistos acontecem e que mesmo com um bom gerenciamento os prazos e valores de uma construção podem ser adicionados ou até mesmo subtraídos. O grande X enfrentado e muitas vezes estimulados pelos profissionais mais experientes é que é extremamente necessário a compreensão “interdisciplinar” entre as mais diferentes profissões. Por isso, um bom arquiteto deve conhecer sobre engenharia e um bom engenheiro de arquitetura. São elementos presentes nas nossa universidades com matérias que englobam os diferentes cursos e tentam fornecer uma boa ramificação ao aluno, o que muitas vezes se torna pouco.
Neste ponto, uma grande ferramenta se torna fundamental para a assimilação de um obra: a vivência dela. Uma coisa é fazer projetos, falar de projetos, pensar em projetos e outra coisa é realmente vivenciar um projeto antes pensado. A vivência se dá através das visitas feitas em obras nos mais diferentes estágios delas, compreendendo e observando a presença de outros profissionais como o mestre de obras, o pedreiro, o engenheiro responsável entre outros.
Falando especificamente do arquiteto, esse tipo de vivência permite a visualização do que antes estava na 1:75 para a 1:1. O funcionamento daquelas paredes sem reboco, da viga recém concretada, da manta impermeabilizante colocada ou do piso assentado faz com cada ambiente seja finalmente entendido. Isso permite ao arquiteto ver que por mais que o seu trabalho seja feito somente por ele tudo se finaliza como um trabalho em equipe.
A observação trazida em um obra possibilita ver como tudo funciona na prática e como são fundamentais cada parte e pessoa envolvida neste processo. A ramificação antes trazida com o avanço tecnológico fez com que o níveis e viabilidade de projetos sejam outros, deixando o trabalho mais confortável, esteticamente agradável e que muitas vezes desafiam as próprias leis da física. Sendo assim, cada atuante se aprofunda em um ponto permitindo a extrapolação dos limites lá atrás encontrados.
Muitas outras alternativas podem e devem ser adquiridas pelos competentes como o aprofundamento em cada setor de uma construção, visita em obras já concluídas, feiras, museus, idas em lojas de materiais de construção e de revestimento e assim por diante. Tudo isso também mostra que por mais que exista uma só profissão com determinado nome o seu leque de possíveis especializações são os mais diversos possíveis!
Por: Gabriela Aguiar
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